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Os livros compreendidos na presente série são utilizados no âmbito do despacho sanitário marítimo das embarcações entradas no porto do Funchal, e neles se procede à identificação da data da entrada da embarcação no porto, do tipo, nome e, por vezes, nacionalidade da embarcação, da sua proveniência e destino, do nome do capitão, da quantidade de tripulantes e, quando caso disso, de passageiros, da carga transportada e, por vezes, do respetivo destinatário/consignatário, e do número de dias de viagem; identifica-se ainda se a embarcação é portadora de carta de saúde. Os despachos de saúde resultam de uma avaliação das condições médico-sanitárias vigentes na embarcação entrada, procedendo para o efeito o guarda-mor da Casa da Saúde a interrogatório ao respetivo capitão, e declarando este, sob juramento, a boa saúde verificada entre a tripulação e no porto de proveniência, e qual o seu conhecimento da existência de doenças noutras paragens. Nos casos de doença ou suspeita de doença a bordo, as embarcações são sujeitas a quarentena, procedendo-se à correspondente visita de saúde, prática que se verifica a título muito excecional e se torna mais comum apenas a partir de 1816 (liv. 603). Os termos de despacho de saúde são predominantemente exarados pelo escrivão "do despacho da saúde" (também designado de "escrivão da saúde"), pelo "escrivão da Câmara e saúde", ou pelo próprio escrivão da Câmara.
Procede-se ao registo da receita (f. 2-4) e da despesa (f. 41-42) do dinheiro proveniente das condenações efetuadas pelos guardas-mores da saúde, os quais procedem à entrega destes montantes pecuniários ao tesoureiro da Casa da Saúde, a quem compete aplicar aquele fruto da receita em necessidades várias. Os guardas-mores Manuel Correia, Joaquim Manuel de França, João Paulo Esmeraldo, Luís Dória de Atouguia, António João Bettencourt Henriques procederam a entregas de dinheiro, oriundo das condenações por eles efetuadas, aos tesoureiros Domingos José Antunes da Silveira, José Ferreira (também oficial de pedreiro) e Domingos Gomes. Como exemplo de uma receita carregada ao tesoureiro da Casa da Saúde, provinda das condenações, refira-se a coima aplicada pelo guarda-mor Joaquim Manuel de França ao vendeiro Gregório de Oliveira, por se ter verificado a existência de bacalhau deteriorado no seu estabelecimento comercial. As receitas das condenações foram aplicadas na aquisição de livros para o registo das condenações feitas pela Casa da Saúde e dos despachos dados aos navios, bem como em despesas tidas com consertos realizados na Casa da Saúde, nomeadamente na compra de cal, telha e de um taboado.